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POESIA
POESIA

 


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Poemas nesta página

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Certo dia
O viver é uma luta
Fadário de um Guarda
Vi passar à minha porta
Vida desgraçada
Pobre rapaz
Trocadilho
Já vi numa escola
A.C.S.N.M .
Perde a vida no serviço
Quem é quem
Um dia houve alguém
Acaba dependurado
Mas porquê
De que serve
Nada de confusões Emigrante clandestino
Que linda a pastora
Estava a meditar
O filho de um emigrante
Já não sei
Saudades
O casamento
Um menino enjeitado
Instinto poético
Atracção fatal
Não vale chorar
A solidão
Que passado tão tristonho
Retrato da vida
Se um dia ficares preza!
A vida é mesmo assim Reencontro
É preciso ser desgraçado
Para ir para o jornal

Foi a 25 de Abril
São apenas sátiras minhas
Encontrei-te sem pensar
Lápis de carvão ou pena de pavão
Esta vida são três dias
Uma tarde á beira-rio
Um dia ventoso
Homem de má sorte
No meio da calmaria
Numa noite escura
Perdoa-me Marili
Com três palavras na mão
O menino de rua
Uma guitarra chorava
A ti querida Mãe
Meu Pai que Deus me deu
Fui apenas teu amante

É o meu melhor amigo
Nas margens do Mar salgado

 

 

 

PAGINA INICIAL

 

 

       
     

 

Certo dia

Certo dia num café entrei
Roto esfarrapado como ninguém
Foi então que alguém entrou e me disse

Hoje estás com um estilo!...

É estilo de viver
Que viver é aprender
Por hoje não ser ninguém
Amanhã ninguém serei
E depois talvez, não sei...

Zéninguém

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O viver é uma luta

O viver é uma luta
Muito dura de roer,
Desde o berço à sepultura
Temos muito a sofrer.

Se viver é uma luta
Que é dura de vencer,
Desde o berço à sepultura
Sempre estamos a aprender.

Zéninguém

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Fadário de um Guarda

Engenheiro ou Doutor
Carpinteiro ou Pastor
Todos concorrem com amor.
Amor, não à profissão,
Mas talvez ao dinheirito
Que dá para comprar o pão
Ao seu pobre filhito.
São noites e noites a fio,
Sem poder fechar pestana
E quando chega a casa,
A mulher com outro está na cama.
De pasta na mão e charuto ao lado;
Lá vem o director
Que diz estar do seu lado
Mas se mete o pé na argola
Desgraçado, está tramado.
Triste sorte de um guarda
Passa a vida na escola
Mesmo sem dormir nada
Não se esquece da sacola.
Lá chegou um dia
Alguém saltou o portão,
Afinal mas quem diria
Que aquilo era um ladrão
Na escola ele entrou
E uma arma lhe apontou
Sorte dele coitado
Pois a bala chapeou.
Adquiriu uma arma
Porque desta se safou
Coitado do pobre guarda
Pois noutra se enfiou.
Continua pobre guarda
Ainda com mais atenção
Talvez o próximo fadário
Seja! “O ZÉ – NINGUÉM NA PRISÃO “
Ou será!... que já está no caixão?

Zéninguém

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Vi passar à minha porta

Vi passar à minha porta
Certo velho que dizia,
Poemas de encantar
Com uma certa cortesia.
Um dia lhe perguntei
Quantos anos ele fazia
Já não faço anos
Como dantes fazia,
São os anos que me fazem
E me tiram a alegria.

Zéninguém

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Vida desgraçada

Casamento à porta
O divorcio já marcado,
Tudo é possível
Na vida de um desgraçado.
 
A barba por fazer
O cabelo branqueado,
Assim se pode ver
Algum tempo já passado.
 
No emprego apareceu
Um contrato caducado,
Lá ficou o Amadeu
Outra vez desempregado.

Foi para uma empresa
Com salário atrasado
E lá fica com tristeza
Outra vez embaraçado.

Com a vida atribulada
Vai uma arte aprender,
Ai que vida desgraçada
Outra vez sem receber.

Homem de pouca sorte
Que a vida desgraçou,
Desde o berço até à morte
Nunca dinheiro arranjou.

Zéninguém

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Pobre rapaz

Nasce numa linda quinta,
Filho de um agricultor.
Pois a ambição do pai,
É do filho ser doutor.

Lá vai para escola,
Para aprender a ler.
Coitado do rapaz,
Não nasceu para escrever.

À saída da escola,
As cabras vai fartar.
Com os livros na sacola,
Para aprender a contar.

Calças rotas atrás,
De nas pedras se sentar.
Pois coitado do rapaz,
Única forma de estudar.

Lá chegou o dia,
Em que foi para o liceu.
Pois com má companhia,
Na boémia se meteu.

Coitada desta gente,
Com seu filho a estudar.
Trabalha amargamente,
Para suas dividas pagar.

Coitado de um pai,
Que quis formar um doutor.
Doutor ele não sai,
Mas sim um grande estupor.

Zéninguém

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Trocadilho

Sei que sei
Que não sei
Se sei
O que sei.
Porque quem sabe
Que sabe
Que não sabe
O que sabe,
Já sabia
Que não sabia
O que sabia.

Zéninguém

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Já vi numa escola

Já vi numa escola: 
Um estudante sem sacola,
Um guarda sem pistola,
Um Padre sem estola,
Um Professor sem canudo
E um Doutor sem sobretudo.
Mas nunca vi por vida minha:
Um galo sem galinha
Nem Continuo
Sem destino.

Zéninguém

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A.C.S.N.M

Com    A
Se começa   Amar.
Com    C
O    Casamento,
Em      S
Vem o     Sofrimento,
Do    Nascer 
Até       Morrer.

Zéninguém

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Perde a vida no serviço

No domingo passado
Em Lisboa aconteceu,
Um guarda espancado
Na escola apareceu.
Triste sorte de um artola
Que vive na solidão,
Para guardar a escola
Acaba no caixão.
Tudo culpa do Maior
Que não presta atenção,
Ao risco que ocorre
Dentro desta profissão.
Mas! para que vale a pena
Estar a lamentar,
Se, naquela escola serena
Ele não volta a entrar.

Zéninguém

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Quem é quem

Sou ninguém
Por não me ver,
Talvez quem queira ser.
Na esperança de ser alguém
Passo a vida a padecer.
Se um dia ouvires dizer.
«Eu, não sou ninguém»
Acredita podes crer
Que, afinal ele bate bem,
Mas há tantos por aí
Que se dizem ser alguém
Afinal quem são aqui
Talvez sejam uns Zés-ninguém.

Zéninguém

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Um dia houve alguém

Um dia houve alguém
Que pediu para lhe fazer,
Um poema sem ninguém
O poder reconhecer.
Fiquei embaraçado
Sem saber o que dizer,
Abri o caderno fechado
E comecei a escrever.
Uma frase, outra frase
Mesmo sem saber,
Zé-ninguém estava quase,
Quase a adormecer.
Foi assim que comecei
Na poesia a escrever,
E hoje já não sei
Passar sem escrever.

Zéninguém

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Acaba dependurado

Numa casa ao lado
Estava um humilde cidadão,
Embora acompanhado
Vivia na solidão.

Dizia a sua signa
Que havia de ser ladrão,
Isso, ele não fazia
Pois tinha uma bela profissão.

Com sua lida perdida
Nunca nada roubou,
A não ser a sua vida
Porque dela se fartou.

Por alcunha tinha a Lua
E de Chico o seu nome,
Mas não estava no meio da rua
Como alguns a morrer de fome.
 
Do banco reformado
Poesia ele fazia,
Talvez amargurado
Com a vida que trazia.

Como ele eu não sou
Nem disso faço questão,
Chico Lua acabou
Enforcado e no caixão.

Zéninguém

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Mas porquê

Um dia se chateou
Por Lolita lhe chamar.
Logo me recomendou,
Pelo seu nome a tratar.
 
É uma moça trigueirinha
Ouçam bem com atenção.
Quem me dera poder um dia
Conquistar seu coração.

Talvez só culpa minha
Por ser envergonhado.
Senão, já podia
Do seu irmão ser cunhado.
 
Pois que desajeitado,
Para esta seduzir.
Parece que serei obrigado
A ter que desistir.

Zéninguém

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De que serve

Uma carta te escrevi
Para ver a reacção.
Em que vida me meti
Pois fiquei na solidão.

Por seres tão engraçada
Por ti me apaixonei.
Fiquei com a alma magoada
Por isto nunca esperei.

Ouve bem com atenção,
Aquilo que vou dizer.
Estou numa situação,
Que não sei o que fazer.
 
Só para não te encontrar
Passo a vida a fugir.
Com frequência sem contar
Dou contigo a sorrir.

Para aliviar minha dor
Passo o tempo a escrever.
Como dizia um doutor,
A vida é para sofrer.

Zéninguém

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Nada de confusões

As ninfas do Mondego
Fui buscar inspiração.
Este homem que eu nego
Vive cego de paixão.
Paixão, pela poesia
Que cria confusão,
Por aí a tanta gente,
A quem peço compreensão.
Aquilo que escrevo,
Não é realidade
Mas acima de tudo
Corresponde á verdade.

Zéninguém

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Emigrante clandestino

Nasce marcado o destino
Na palma da sua mão.
Um Emigrante clandestino
Parte sem direcção.
Com sua família no lar,
Ao romper da bela aurora
Deixa a esposa a rezar
E é seu filho que já chora.
Era o que tinha de fazer
Para a vida melhorar
Pois já estava a ver
O seu filho para criar.
Coitado deste homem,
Nunca mais seu filho viu
Porque pelo caminho
Sua vida lhe fugiu.
Foi talvez o passador
Que uma bala lhe enfiou,
Por estar de mau humor
Nem a vida lhe poupou.
Mas quantos assim ficaram
Por esses campos fora,
Tanta gente que mataram
E não foram para a gaiola.

Zéninguém

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Que linda a pastora

Que linda a pastora
Com seu manto de cetim.
E o rapaz que a namora
No dia de São Valentim.
Passa dias a fio
Sempre a guardar o gado
Mas quando chega a noite
Ele está a seu lado.
Dois dedos de conversa
Ultrapassa a solidão,
Mas quando a manhã regressa
É de partir o coração.
Porque haverá de ser assim
Andar sempre a sofrer,
Que não me pergunte a mim
O que terá de fazer.

Zéninguém

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Estava a meditar

Estava talvez a meditar
No meio de um arvoredo.
Os passarinhos a cantar
Em cima daquele rochedo.
Foi então que surgiu
Naquele dia, a minha amada
Aquela que partiu,
Partiu sem dizer nada.
Deixou-me uma mágoa
No peito, dentro do coração
A ultima vez que a vi
Foi estendida no caixão.
Que me deixou na solidão,
Muito me preza esta dor
Mas disse o doutor
Que não tinha solução.
Por isso esta tristeza,
Foi signa que Deus me deu,
Mas tenho a certeza
Que a encontro lá no céu.

Zéninguém

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O filho de um emigrante

Nasce numa terra distante
Filho de um emigrante,
Um menino malfadado 
Que por uns é desprezado
E por outros tanto adorado.
Na esperança de ser alguém,
Passou a vida a estudar.
Afinal não é ninguém
Hoje resta-lhe trabalhar.
Para a tristeza esquecer
Passa o tempo a escrever
E assina o Zéninguém
Para quem o quiser ler.

Zéninguém

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Já não sei

Não sei se gosto ou não gosto
De quem ainda gosto,
Ou se um dia não gostei
De quem eu já gostei.
Mas a vida sempre tramou
Aquela que lhe gostou
E sempre lhe deparou
Com aquela que não gostou.

Zéninguém

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Saudades

Oh! Ninfas do Noemi
Leito do rio côa
Dá-me inspiração para escrever,
O que a vida te não perdoa
Pois foi nas tuas margens
Que passei a minha infância
Descobri, tuas paisagens
Com tanta importância,
Foi aí que eu cresci
Até ao dia em que parti.
Pois, hoje sinto saudades
E até choro por ti.

Zéninguém

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O casamento

Há quem case por amor,
Outros casam por casar,
Por tantos assim fazerem
Já se estão a separar.
 
Pois, há por aí tanta gente
Que não sabe o que está fazer,
Como é mais evidente
Lá começa a sofrer.

Oh, jovens que casais
Pensai bem como fazeis,
Pelas mãos dos tribunais
Eu não quero que passeis.

Zéninguém

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Um menino enjeitado

Certo dia encontrei
Um menino enjeitado,
Não tinha pai nem mãe,
Pois na roda fora colocado.
Qual o espanto da rodeira
Ao ler aquele anuncio.
Se estiverdes á lareira
Lede, que eu já pronuncio. 
Assim dizia a simples quadra
Numa tabuleta colada,
E ele sem saber de nada
Na Santa Casa deu entrada.
“Aqui fica este rapaz
Que se chama Girivaz
É dos lados de Trancoso
Tratai-o bem que seu pai é vaidoso.”

Zéninguém

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Instinto poético

Tinha uma veia poética
Que eu mandei arrancar
Mas não perdi a estética,
A estética de trovar.
 
Oh, meu Deus!.. porque o faria
Se agora nada sai,
A não ser a poesia
Da qual, vós não gostais.

Zéninguém

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Atracção fatal

Poderá ser grande
A diferença de idade,
Mas maior é a distancia
Que nos está a separar.

Nos teus olhos vi paixão,
No teu rosto sedução.
Só me resta saber
O que te vai no coração.

Bem quereria eu um dia
Fazer-te uma confissão,
E talvez por ciganaria
Ficar louco de paixão.

Oh!.. Meu deus porque não posso
Entrar dentro do teu peito.
Saber o que te vai na alma
E, até dormir no teu leito.

Zéninguém

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Não vale chorar

Encontrei um certo dia
Uma triste abelhinha,
Chorava com angústia
A vida que ela tinha.
 
Porque choras minha abelha
Porque andas a chorar,
Por perderes uma festinha
Não podes desanimar.

Não me preza essa dor
Nem isso me faz chorar,
Já me disse o meu amor
Que me ia abandonar.

Não chores minha tola
Não te andes a cansar,
Porque um melhor que esse
Ainda vais tu arranjar.

Zéninguém

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A solidão

Como é tão bom ouvir,
Os riachos a correr,
Ver os rios a subir.
E eu! Eu sem nada dizer.
Mas porquê? Não sei,
Ou será que sei?
Talvez só porque sinto
Uma enorme solidão.
É aquilo que em vós não pressinto
E vos digo sem prescrição,
Mas se um dia vos sentirdes
Tristes, sós ou amargurados
Desabafai. Se o fizerdes
Escrevendo, estarei do vosso lado.

Zéninguém

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Que passado tão tristonho

Com olhos de chumbo e cabisbaixo,
Sorriso nos lábios só para disfarçar.
Nas ruas, a dedo é apontado
Como sendo; neto de uma extraviada,
Filho de um pai alcoólico,
Ou porque não de uma mãe histérica.
Como é duro viver assim, sofrendo
Os defeitos dos antepassados.
Mas!.. sem nada poder fazer,
Engolindo sem desabafar,
Vai vivendo ao vosso lado,
Amaldiçoando a porcaria
De vida que tem passado.

Zéninguém

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Retrato da vida

Maldita hora em que nasci
Numa terra tão distante,
Mas culpa eu não senti
De ser filho de um emigrante.

Aquela língua odiei
Apesar de a conhecer,
Mas o que por lá passei
O melhor é esquecer.

Por ser filho de Português
Na escola passei mal,
Mas! esqueceram-se outra vez 
Que nasci, na sua terra natal.

A Portugal, eu cheguei
Bendita hora e momento,
Talvez tarde demais
Para esquecer o sofrimento.

Zéninguém

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Se um dia ficares preza!

Porque um dia tu seguiste,
A vida que escolheste.
Pois dessa tu saíste,
Mas noutra te meteste.

Se um dia ficares preza
Pelas garras de um poeta,
Não fiques embaraçada.

Abre o teu coração
E dá asas á tua vida.

Zéninguém

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A vida é mesmo assim

Certo dia para ti olhei,
Senti um arrepio
E por ti me apaixonei.
Mas!.. A vida é mesmo assim,
 
Sempre por ti esperarei,
Mesmo sabendo
Que não gostas de mim.

Zéninguém

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Reencontro

Olhei-te no rosto,
Fiquei preso a ti.
Por culpa desse gosto,
Pois um ano repeti.

Que vida arrependida
De me ter apaixonado,
Por aquela que em seguida
Partiu para outro lado.

Desde aquele dia
Quinze anos se passaram.
Mas até que um dia,
Ambas vidas se cruzaram.

Foi tão bela essa imagem
Que nem sei vos descrever,
Mais parecia uma miragem
Que eu descera para ver.

Zéninguém

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É preciso ser desgraçado
Para ir para o jornal

Talvez por não ser doutor,
Nem tão pouco licenciado.
Na capa de um jornal,
Apareceu escarrapachado.
 
A poesia comoveu,
Essas mentes de alguém.
Porque ele escreveu,
E assinou o Zéninguém.

Sete voltas já se deu,
A todo o doutorado.
Afinal quem escreveu,
Foi um pobre desgraçado.

Zéninguém

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Foi a 25 de Abril

Foi a 25 de Abril,
Que um abraço te enviei.
Por ser teu aniversário,
Meu amor te dediquei.

25 Anos já passaram,
Desde o dia em que nasceste.
Já os CRAVOS murcharam,
E tu rejuvenesceste.

Oh! Sol que não raiaste,
Naquela manha de Inverno.
Oh! Dia que transformaste,
Certas vidas num inferno.

Zéninguém

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São apenas sátiras minhas

É com lágrimas minhas
Que escrevo estas palavras,
São somente palavras
De dor, amor ou pena.
São... Apenas sátiras minhas,
Que com ternura te dediquei
Durante parte da minha vida.
Oh! Musa encantadora
Mulher de tanto encanto.
Aquela que mais cantei
E me deixou neste pranto.
Pranto que por agora
Apenas a mim enganou,
E choro com saudades
Do amor que acabou.

Zéninguém

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Encontrei-te sem pensar

Passava tantas horas
Mesmo a teu lado,
Numa carteira de escola
Esquecendo o dia passado.

Sempre alegre e sedutora,
Com seu ar de madrugadora,
Resistindo a tentação,
Enfrentava qualquer malandrão.
 
Encontrei-te sem pensar
Numa rua da cidade,
Mais linda que sempre
Mais sedutora que nunca.

Apenas! Mais um encanto
Na vida que por enquanto,
Não passa do entretanto
Do passado que eu canto.

Zéninguém

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Lápis de carvão ou
Pena de pavão

Com Lápis de carvão,
Pena de pavão
Ou tinta permanente
Escreve tanta gente.

Uns, apenas por prazer,
Tantos para comer
E outros para esquecer:
O tempo que já passaram

As saudades que voltaram
Das fábulas que lhe contaram
Dos dias que não chegaram.

Zéninguém

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Esta vida são três dias

A dois passos da morte
E a três da sepultura,
Com esperança e sorte
De uma vida que pouco dura.
 
Com os pés na sepultura
Mesmo dentro do caixão,
Não se esquece esta luta
Que é feita de ambição.

Três palmos de terra
Apenas lhe restavam,
Para a vida eterna
Que médicos lhe destinavam.
 
Esta vida são três dias
Um já está passado,
Mas como por magia
Ele agora esta curado.

Deu dois coices na morte 
E um no cangalheiro,
Assim parte para o norte
Á procura de dinheiro.

Zéninguém

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Uma tarde á beira-rio

Numa tarde á beira-rio...
Nada havia para dizer.
Para dizer te amo, era aquilo
Que estavas farta de saber.

Olhos postos no terreno
Que desaparecia no horizonte.
Como era calmo e sereno,
Estar por trás daquele monte.

A noite caía,
O céu estrelava.
Ao tempo que já não via,
A mulher que eu amava.

Que saudades sentia,
Da menina encantadora.
Que é aquela que um dia,
Mais tarde farei senhora.

Zéninguém

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Um dia ventoso

Num dia ventoso
O sol nascia.
Por um vale rochoso
A água corria.

Lápis na mão,
Caderno ao lado.
Apenas uma ambição
De um dia atarefado.

O rouxinol cantava
Nas noites de ternura.
O Rio chorava
Nos dias de amargura.

Que saudades sentia
Das manhas de verão.
Daquelas, que não tinha
Qualquer desilusão.

Zéninguém

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Homem de má sorte

Ligeiramente curvado
Como quem fazia a vénia,
Era mais um desgraçado
Que chegava da boémia.

Um lar o esperava
Talvez carinhosamente,
A sua presença tornava
A família insolente.

É um homem de má sorte,
Que sua vida estragou.
Só as portas da morte,
A bebida ele deixou. 

Zéninguém

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No meio da calmaria

No meio da calmaria
Ouvia-se um rumor,
Era talvez ao longe
A flauta do pastor.

As estrelas cintilavam,
Talvez por afeição.
Já os grilos cantavam
Com muita satisfação.

Estava ali sozinho,
Mesmo sem dizer nada.
Só mais um bocadinho
Já o rouxinol cantava.

Ouviu-se um clamor,
Minha mãe me procurava.
Eu estava ali com dor
A pensar na minha amada.

Talvez ela não merecesse
Uma tal preocupação,
Ai! Se um dia eu pudesse
Conquistar-lhe o coração.

Zéninguém

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Numa noite escura

Apenas se via sorrir
No meio da escuridão,
Todos deveriam admitir
Que era pura paixão.

Numa noite escura
Seus olhos brilhavam,
Como labaredas de uma lareira
Em que as brasas cintilavam.

Oh! Vida perdida,
Sonhos traídos,
Noites sofridas
De anos vencidos.

Dai força para viver
A um pobre amargurado,
Em que seu sonho era ter,
Essa mulher a seu lado.

Zéninguém

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Perdoa-me Marili

De cara morena,
Boca pequena,
Segura de si,
Perdoa-me Marili.

No oceano te deixei
E por outra te troquei,
Sendo mal sucedido
Torno culpas ao destino.

Perdoa-me: por chegar onde não devia,
Por ter dito o que não sentia,
Por te ter deixado sem alegria

Zéninguém

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Com três palavras na mão

Com três palavras na mão 
Se define a poesia,
Amor e compaixão
Ou um pouco de ousadia.

Amor que não se sente
Compaixão que não se vê,
Ousadia que não tente
O amor que se não dê.
 
Se um dia um poeta
Te ensinar a escrever,
Ficas como um atleta
Sem pernas para correr.

Poesia não se ensina
Lá dizia o Camões,
São apenas umas rimas,
De conversas com botões.

Zéninguém

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O menino de rua

De olhar tristonho
E ar desconfiado.
É apenas um menino
Que vive desprezado.
Eram rotos seus sapatos,
Todo ele esfarrapado
Tinha ar de quem vivia
Bastante mal tratado.
Da rua seu lar fazia.
No degrau de uma escada
Apenas este dormia.
De restos se alimentava
Porque aos outros sobejava.
O natal se aproximava,
O frio apertava,
Um anjo lhe apareceu
E o menino foi para o céu.

Zéninguém

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Uma guitarra chorava

Enquanto a guitarra chorava
As mágoas da sua vida,
Uma fadista cantava
O seu fado de menina.

Oh! Fado que és tão triste
É tão triste, teu alento.
Estranho como existes
No meio do sofrimento.

Diz-me como apareceste
De uma forma tão bizarra.
Só tu estremeceste
As cordas de uma guitarra.

Se tu deixas a tristeza
Fado que és tão belo.
Acabasse a beleza
De um cantar tão singelo.

Fado que és tradição
De Portugal pequenino,
Guarda-o com afeição
Desde o berço de menino.

Zéninguém

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A ti querida Mãe

Foste tu que me criaste
Apenas com carinho,
Tu me ensinaste
A traçar o meu caminho.

Apenas tu me acariciaste
Nas birras de criança
E tanto me ensinaste
A ter uma esperança.

Contigo aprendi
Aquilo que hoje sei.
Por isso devo a ti
A ti querida Mãe.

Com umas quadras apenas
Te dedico a poesia,
São as frases mais pequenas
Que eu te disse algum dia.

Zéninguém

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Meu Pai que
Deus me deu

A ti pedi um dia
Uma boneca pequenina,
Boneca que podia
Fazer-se em menina.

A ti pedi um dia
Uma boneca de porcelana,
Boneca que podia
Dormir na minha cama.
Meu Pai que deus me deu

A boneca não chegou,
São José me apareceu
E nosso lar abençoou.

Zéninguém

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Fui apenas teu amante

Atrás da mulher amada
Que era linda e engraçada.
Perdi meu tempo pelos montes,
Bebendo água naquelas fontes.
 
Tinhas o marido escondido
Enquanto me seduzias.
Se eu não era o teu Cupido,
Porque me iludias???

Dizias tu casar, só lá para diante!
Como podia acontecer,
Se era apenas teu amante.

Zéninguém

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É o meu melhor amigo

Perguntaram-me uma vez
Se era eu que escrevia,
Respondi que não!.. talvez;
Não sabia o que dizia.

Sei quem é esse Homem
Que tanto vos fascina,
Quanto mais com ele aprendo
Mais ainda ele me ensina.
 
É o melhor amigo que eu tivera
Algum dia, se ele sofre sofro eu,
Estamos sempre em harmonia.

Zéninguém

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Nas margens do Mar salgado

Nas margens do Mar salgado
Te deixei a vaguear,
Apenas me sinto magoado
Por um dia te abandonar.

Na proa de um navio
Te entrego as saudades.
É assim que as envio
Com muita humildade.

Não quero que perdoes,
O que não tem perdão,
Só abandonada sem explicação.

Zéninguém

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